(Depois de uma semana de estresse para consertar o cartão de memória e um bom dinheiro gasto com o chip, chegou a hora de postar as fotos da Semana Santa)
Da mesma forma que no ano passado, combinei com o diretor Ney Morais, da Cia. de Teatro Novos Horizontes, a minha presença. A Semana Santa é para mim o maior patrimônio imaterial de São João Nepomuceno. Quem é de fora pode não entender do que eu estou falando. Mas, sãojoanense que se preze sabe o que quero dizer. O espetáculo mexe com o imaginário de muita gente. Equivale a uma missa para alguns. Para mim, representa o meu primeiro catecismo e a minha primeira visita à mais famosa das histórias bíblicas.
A passagem de Cristo na Terra representa o marco de muito do que foi construído posteriormente. Daí, a encenação dela precisa ser feita com enorme cautela. É o momento em que o profano Teatro se reverencia à Religião e pede licença para contar a sua história. Religiosos, atores e o povo se juntam na atuação. Mesmo quem está antes da cerca que separa peça e plateia, interage com o espetáculo, cantando e formando uma grande Galileia. A passagem de Cristo carregando a Cruz no meio do público, emociona e comprova que teatro é feito de gente, em cima do palco ou fora dele. O conjunto faz a obra.
O Trabalho fotográfico
Saí de casa, deixando no Twitter o convite para que as pessoas fossem assistir ao espetáculo e rezando para São Pedro não mandar chuva. O céu estava bem acinzentado e recoberto de nuvens. Afinal, Sexta-feira Santa é, quase sempre, sinônimo de gotas d’água caindo. Como não podia contar com a sorte, coloquei na mochila o meu guarda-chuva e algumas sacolinhas caso precisasse envolver a câmera.
Cheguei à Igreja Matriz por volta das 18h30. A peça estava marcada para as 19h e acontece do lado de fora do prédio. Algumas pessoas já me conheciam e me receberam muito bem. Fiquei vendo as pessoas se arrumarem e o quanto a igreja, que passa por reformas, está ficando bonita. Dá orgulho de ver. (Depois tentarei fazer umas fotos dela para postar aqui).
Perto da hora marcada para começar a encenação, fui para o meu lugar. A peça começou no horário. O Frei Esdras, pároco local, subiu ao palco e deu a bênção inicial. Daí, as cortinas invisíveis se abriram para contar pela, quase, trigésima vez a Paixão de Cristo.
A peça inicia com a conversão de pagãos e o batismo de Cristo. Daí, seguem-se passagens em que Jesus, interpretado por Alessandro Soares, atua curando o leproso, o cego e ressuscita Lázaro. Também são representadas as cenas do encontro com a boa Samaritana, da proteção à Maria Madalena, da tentação, da Última Ceia e da traição.
O momento em que Jesus entra na Galileia é encenado com os atores passando entre o público, assim como o do carregar da cruz.
Quem estava ao lado do diretor, percebia a sua felicidade a cada estrela que surgia. De repente, Deus entrou em cena. O céu ficou pintado de estrelas. A peça estava salva para quem temia um dilúvio.
Com o “teto” protegido, a encenação não precisou ser interrompida. Depois da prisão de Jesus, o espetáculo foi ganhando mais ação e agressividade. Pôncio Pilatos, em falso ato de democracia, consulta o povo, liberta Barrabás, condena Jesus e lavas suas mãos.
Um dos momentos mais emocionantes é o encontro de Cristo com Maria (Carla Gruppi). O momento é demorado para que o público possa sentir a dor da Mãe. Em cena anterior, quando ela descobre a prisão do filho, a música “A Padroeira” foi tocada e a voz de Joanna foi misturada à da platéia em coro e em choro.
O momento da crucificação foi rápido, porém, ao ser retirado da Cruz, o corpo de Cristo ficou um tempo deitado no colo de Maria o que intensificou a emoção da cena. Então, assim como na história, veio a chuva. Chuva mesmo, não cenográfica. Mas ela logo foi embora para não atrapalhar a Procissão do Enterro.
Pelos problemas que tive com o cartão de memória fico devendo este ano as fotos da cena após a crucificação e da procissão. Fazer o quê? Nem sempre a gente pode ganhar tudo. O importante é que a cidade ganhou, mais uma vez, um belo espetáculo de fé e esforço.
Ano que vem tem mais. Parabéns a todos os envolvidos, desde os que montaram o palco ao que carregou a cruz. O espetáculo não tem nenhum incentivo governamental. É todo feito por respeito e compromisso com o povo. Ficam os nossos aplausos.
Outras informações sobre a encenação no SJOnline e no Blog do Sabones.
Veja também as fotos que fiz no ano passado da Paixão de Cristo e da Procissão.
Um abraço e até a próxima postagem!
impossível agumas dessas fotos nao serem publicadas em algum jornal Perfeitas! Parabens Marcus!
ResponderExcluirparabens pelo belo trabalha que vem fazendo nem sempre olhando so o lado finançeiro mas o amor em fotografar material de qualidade te amo muito JANE MARTINS
ResponderExcluirValeu Marcelo! Obrigado pela visita e pelos elogios.
ResponderExcluirAgora, fala de mãe não vale hein Dona Jane Martins. Brincadeira! valeu pelo apoio e pelo financiamento de grande parte desses trabalhos que desenvolvo.
Acho que não sou um sãojoanense que se preze. Nunca fui a uma encenação na Matriz. Fiquei encantado com suas fotos e vejo que perdi 23 chances até agora de presenciar um belo espetáculo. Fiquei morrendo de vontade poder estar na cidade Garbosa no próximo ano! As imagens são lindas. Muito melhores do que qualquer coisa que já vi até hoje. Parabéns Marcus pelo trabalho e parabéns São João pela encenação!
ResponderExcluirParabéns Marcus,você está de parabéns mesmo,obrigada por nos proporcionar grandes momentos de beleza,vendo suas fotos conseguimos ver além da imagem!Eu não poderia deixar essa passar em branco né,afinal sou aprendiz de Marcus Martins!!!rsrs
ResponderExcluirAbração,sua fã hem!!!
Que a montagem da peça seja um sucesso. Sintam-se convidados para acompanharem e se possível comparecerem ao evento da montagem da Paixão de Cristo em Senador Pompeu. Teatro - Fé - Tradição - Beleza... Matéria completa em:
ResponderExcluirhttp://valdecyalves.blogspot.com/2011/04/arte-paixao-tradicao-cultura-e-fe.html